Fundador:
Major Antônio Zeferino da Silva
Major Antônio Zeferino da Silva, um dos pioneiros do espiritismo em Leopoldina, e um dos fundadores e o primeiro presidente do Centro Espírita Amor ao Próximo.
Nasceu em Sabará/MG, em 25 de Julho de 1861, filho de João Ferreira da Silva e Maria Rosa do Patrocinio da Silva. teve nove irmãos e foi ele o único que recebeu instrução escolar. Seus pais, por serem pobres, não puderam dar-lhes instrução superior. Mesmo assim, à custa de penosos trabalhos, disposição e boa vontade , conseguiu matricular-se no Externato do Professor Cândido Azevedo, onde permaneceu dois anos em intenso aprendizado. Já adulto , ingressou no magistrado primário, ganhando cinquenta mil réis por mês. lecionou, ainda ao tempo do império durante dez anos, inicialmente em Contagem dos Abóborars (hoje parte da cidade metropolitana de Belo Horizonte) e, depois , em desterro, perto de São João Nepomuceno. Conseguiu, como professor, economizar dois contos e quinhentos mil réis.
Deixando o magistério voltou a Sabará para casar-se com a antiga namorada Maria Feliciana Torres, professora primária pública, com a qual teve nove filhos. Com as economias oriundas de suas atividades no magistério, resolveu comerciar joias.
Ainda como comerciante de joias, viria residir nos distritos de Cajuri e Coimbra, ambos pertecentes a Viçosa. Acompanhara a esposa que fora transferida para Cajuri e, logo após, para Coimbra. Em Coimbra - já era espírita - passou sofrer acirrada perseguição religiosa desenadeada pelo vigário do lugar, Padre Joãozinho. Major Zeferino, porém, era homem de bem e de caráter inatácavel. Seus amigos, entre os quais as próprias autoridades do lugar, tomando-lhe defesa, levando o padre a desistir da perseguição. Mais tarde, com o apoio de toda a população e do próprio Padre joãozinho, se elegera Juiz de Paz.
O Senador Vaz de Melo, homem de grande prestígio político na época e que foi sogro do Presidente Artur Bernardes, ofereceu ao Major Zeferino o cargo de Fiscal Federal. Nessa função, com passe grátis na Estrada de Ferro Leopoldina, passou a ganhar inicialmente 133 mil réis por mês.
Ao ser nomeado Fiscal Federal do Imposto de Consumo, mudou-se para Cataguases, onde funcionava a sede Fiscal.
Nessa cidade decorrido mais ou menos um ano, "seus guias espirituais" através de um médium, disseram=lhe que deveria transferir sua residência para Leopoldina, pois lhe aguardava, daí, importante missão espiritual. Aceitou o conselho. Em Leopoldina, onde residiu cerca de vinte anos, implantou e defendeu, com apoio de outros companheiros, o espiritismo. Aliando à ação as suas idéias, fundou o Centro Espírita Amor ao Próximo, na Rua Manoel Lobato, 132.
Ao completar 32 anos de carreira fiscal do imposto de Consumo,aposentou-se em 1926 e, nesse mesmo ano, mudou-se de Leopoldina para Belo Horizonte, aí falecendo em 1934.
Como tornou-se espírita
Ao pernoitar numa fazenda do interior de Minas, quando viajava com tropas em seu comércio de jóias pediu ao fazendeiro alguns livros para ler. Entre outros, o fazendeiro mostrou-lhe o Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. A leitura do livro despertou-lhe gande interesse. propôs a comprar o livro do fazendeiro, mas esse lho deu de presente. O Evangelho Segundo o Espiritismo tornou seu livro de cabeceira. Adquiriu o Livro dos Espíritos e as demais obras doutrinárias do mesmo autor e de outros autores espiritas. Tornou-se em pouco tempo profundo conhecedor da doutrina e pregador, responsável e consciente, divulgando com sua palavra facil e convincente, os principios do espiritismo na Zona da Mata, especialmente em Leopoldina e Cataguases. Em Leopoldina, organizou o Centro Espírita que passou a funcionar, com a simpatia e apoio de outros crentes em sua própria residência. O rápido desenvolvimento das idéias espíritas na cidade, levou-o a construir uma sede própria para o centro, a que deu o nome de "Amor ao Próximo", inaugurado às 19h30min do dia 03 de junho de 1906.
Também em Leopoldina sofreu ferrenha perseguição do clero católico que tentou de vários modos interditar a fundação e inauguração do Centro. Graças, todavia, a interferência do Dr. Rodrigues Campos, autoridade judiciária na época, diminuiram em muito as hostilidades do clero católico ao movimento espírita nascente. O Major já estava bastante experimentado em perseguições religiosas desde Coimbra, onde também, lançou as sementes do espiritismo e fundou um Centro Espírita.
Para comprovar as qualidades morais do Major Zeferino, cita-se um fato ocorrido em Leopoldina com seu filho Otávio de 12 anos de idade. Numa briga de meninos, Otávio, foi vítima de agressão da parte de outro jovem, agressão que lhe causou a morte. O Major encontrava-se em viagem funcional. Chamado pelo telegráfo, chegou em Leopoldina de madrugada sob fortes chuvas. Antes de fechar o caixão, para inicio do cortejo fúnebre, pronunciou comovente prece em intenção do espírito do filho, brutalmente assassinado, não se esquecendo também de pedir a benção de Deus para o criminoso. O Doutor Rodrigues Campos, autoridade judiciária e muito amigo do Major, disse-lhe que iria instalar o processo judicial, ao qual o rapaz responderia quando completasse a maioridade. O Major manifestou-se contrariamente ao processo criminal, dando o caso por encerrado. Passados quinze anos, o assassino entrava em sua residência (do Major) para fazer o casamento civil de sua filha Oraide, com o jovem Gastão Araújo Porto. E o assassino, então Juiz de Paz, participou da recepção que o Major e sua mulher ofereciam aos convidados para comemorar o casamento da filha.
A esposa do major, D. Maria Feliciana Torres - Dona Mariquinha - foi-lhe a companheira dedicada que muito auxiliou na difusão do espiritismo em Leopoldina. Foi professora pública durante 37 anos. 20 dos quais ao Grupo Escolar Ribeiro Junqueira.
O Major destacou-se pela sua vida exemplar de chefe de família e homem público. Homem de caráter ilibado, tinha por lema o amor ao próximo e por inarredável preceito o cumprimento do dever, sucedesse o que sucedesse. Procurava sempre ver o lado bom das pessoas e das coisas e devotava sagrado respeito à liberdade e ao direito do próximo. Fez numerosas amizades em Leopoldina e nos outros lugares onde viveu. Todas essas qualidades enobrecedora de sua personalidade são lhe atribuidas às convicções espirituais, auridas na Doutrina Espírita.
Fonte de consulta: Gazeta Leopoldinense - 06-06-79 - Washington D. Andries - (carta do Filho do Major Dr. Antônio Zeferino da Silva Filho)